terça-feira, 3 de maio de 2011

Eu tinha que começar a fazer alguma coisa dos meus dias para que não fossem iguais aos de toda essa gente que quer ser gente mas que não vai além da tentativa. 
Ser gente, imagino, é ser humano e não autômato, ser dinâmico, ser interventivo, ser criativo, ser infantil, ser diferente, ter uma vida que acrescenta e não apenas que se alimenta das outras. Não se é nada disso sendo igual a todos os outros, pensando as mesmas coisas, consumindo a mesma cultura, fazendo os mesmos programas, usando as mesmas palavras e roupas, amando da mesma maneira...
Começo hoje mesmo: vou subverter as rotinas, demolir as ideias feitas, desistir de criar bodes expiatórios para apaziguar as minhas frustrações, alterar a forma como me relaciono com as pessoas, beber cultura de fontes diferentes, usar roupas e vocabulário diferentes, amar sem padrões... 
Comecei por mudar o lado em que dormia na cama: dormí mal;
Procurei pensar na política sem preconceito: ví um debate entre dois potenciais PM's e resolví deixar esse preconceito ativo mais uns tempos;
Mudei o estilo da roupa: não me permitiram entrar naquela sala de espetáculos;
Mudei o tema da conversa: não fui ouvido;
Brinquei com pessoas sérias: fui ostracizado;
Beijei minha namorada de forma diferente: perguntou-me onde tinha aprendido aquilo, quando e com quem.
Para se fazer alguma coisa que mude os meus dias vou ter de mudar de mundo ou criar um novo.


Marco