quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eu tinha que começar a fazer alguma coisa dos meus dias. Sentia que a minha vida não podia ser só isto. Nem devia. Sabem quando temos a sensação de que um dia ainda iremos fazer algo de grandioso na vida? Eu sinto-o vezes sem conta. Quando me perco a ver séries tristes na televisão envolta numa manta grossa, de cigarro numa mão, caneca de chá na outra e um lenço de papel entre os dedos para me enxugar as lágrimas sinto que estou a desperdiçar tempo. Um tempo que podia ser gasto em coisas que me levassem um pouco mais longe. Sinto que a minha vida não é aqui – nem é isto. Sempre quis viver noutro lugar, longe daqui, de todos, dos outros. Mas há alguma coisa que me prende e não me deixa fugir. De onde virá este instinto que me afronta o ser que quer ir mais além? De onde virá esta coisa que me prende e que não me deixa ir mais além? A temperatura sobe, desce, a chuva cai, sai, vem o sol, a noite, as estrelas, o tempo passa – tique-taque; tique-taque – mando a agenda fora, compro uma nova – vermelha como eu gosto – passam as horas – mais uma noite, só mais uma cerveja, um cigarro, uma música, deixem-me estar, não quero falar, não quero prestar-te atenção, deixem-me dançar, sem pensar que me estão a olhar, quero ser livre.


Laura

2 comentários:

  1. gosto muito Laura, em especial o uso dos travessões. k

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  2. Esta personagem está a espera q algo mude os dias dela... Mas é preciso se mexer para q a vida tenha movimento

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